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terça-feira, 25 de outubro de 2011

O homem segundo o coração de Deus

A primeira aparição de Davi na Bíblia é como um humilde pastor, que Deus escolheu para ser o rei de Israel, e que imediatamente após sua unção foi tomado pelo Espírito do Senhor (I Sm 16:13). Logo após, sua ascensão foi muito rápida. Ele era bonito (I Sm 16:12), tocava e compunha hinos que até hoje inspiram os cristãos em todas as ocasiões, e que estão registrados no livro dos Salmos, tinha o favor do rei (I Sm 16:21), era o melhor amigo de Jônatas, o príncipe herdeiro (I Sm 18:1,3), era amado por sua esposa, a filha do rei (I Sm 18:20,27), e era amado pelo povo devido a seus grandes feitos, como a derrota do gigante Golias (I Sm 17).

Então começou a perseguição por parte de Saul, porque ele sabia que Davi havia sido designado por Deus para tomar seu lugar, e não estava nem um pouco disposto a abrir mão de seu trono. Do favor total do rei, sua cabeça foi colocada a prêmio. Ele então passou a viver escondido em cavernas (I Sm 22:1), seu melhor amigo foi morto (I Sm 31:2), sua esposa foi dada a outro (I Sm 25:44), porém em meio a todas as perseguições, ele permaneceu fiel ao Deus que o ungira. Davi não tentou por suas mãos fazer cumprir a vontade de Deus para que ele fosse rei. Por duas vezes teve a chance de matar Saul, porém não o fez (I Sm 24:12, I Sm 26:10,11). Davi esperou pacientemente em meio a todas as provações pelo cumprimento da promessa do Senhor, e quando Saul finalmente morreu, não por suas mãos, Davi foi ungido rei (II Sm 2:4, 5:3).

O Senhor cumpriu fielmente a promessa feita a Seu servo fiel. Quando ascendeu ao trono, Davi foi abençoado por Deus expandindo as fronteiras do reino (II Sm 5:10), conquistando Sião (II Sm 5:7) e derrontando os filisteus (II Sm 5:20), dentre muitas outras vitórias (II Sm 8, 10). Também recebeu o favor espiritual de Deus, tendo a oportunidade de trazer a arca da aliança, objeto sagrado israelita, de volta a Jerusalém (II Sm 6:15), e tendo uma aliança estabelecida com Deus (II Sm 7:1-17).

O profeta Natã falou da parte de Deus a Davi: "Faze o que tiveres em mente, pois o Senhor está contigo" (II Sm 7:3). E então veio a queda. Quando ele acreditou que a sua vontade era semelhante a vontade de Deus, e que portanto ele não precisava mais que o Senhor guiasse seus passos, sua ruína chegou. De favorecido de Deus, ele desceu ao mais baixo nível, ao adultério e assassinato (II Sm 11). E então o Senhor novamente enviou o profeta Natã para alerta-lo de quão longe ele estava de Deus (II Sm 12:1-15). Imediatamente Davi se arrependeu e IMEDIATAMENTE Deus o perdoou (II Sm 12:13). Porém Davi teve que arcar com as consequências de seus erros: morte de filhos (II Sm 12:15-18, 13:23-36, 18:9-18), incesto na família (II Sm 13:13-22), revoltas em seu reino e fuga frente a seu próprio filho (II Sm 15:1-18, 20:14-22).

Davi é considerado pelas Escrituras “o homem segundo o coração de Deus” (At 13:22), mesmo com todo o seu “histórico”. As vezes me pergunto: e se eu conhecesse Davi? E se eu soubesse de todo o favor que Deus teve para com ele, de como ele foi exaltado a rei pela promessa de Deus, de como venceu batalhas e perseguição em nome de Deus, e de como de repente, não mais que de repente, ele pecou? E se ele frequentasse a minha igreja? Como eu olharia para ele? O que eu pensaria? Como agiria? O que diria dele para meus amigos? Que história eu contaria: de suas grandes vitórias e da benção de Deus, ou de seu pecado e decadência? Não há melhor resposta ou linha de raciocínio do que a que encontramos na própria Bíblia: "Não julguem, para que vocês não sejam julgados” (Mt 7:1), e “O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa” (Jr 17:9), porque “O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração" (I Sm 16:7). Este verso foi aplicado exatamente ao episódio da escolha de Davi para ser ungido rei de Israel. Deus sabia de tudo o que aconteceria em seu futuro. Sabia que depois de exaltado, ele pecaria, mas que se arrependeria, e voltaria a Deus disposto a assumir as consequencias de seu erro.

O homem pode andar com Deus sem cair? Sim! Enoque andou com Deus trezentos anos, e então Deus o tomou para Si (Gn 5:22-24). Deus espera isso do homem para considerá-lo segundo o Seu coração? Não! Deus espera humildade e submissão para ouvir a Sua voz, reconhecer os erros, e novamente se colocar nos Seus caminhos. É isso o que a história de Davi nos diz: não importa quão consagrados um dia estivemos, hoje é o dia de buscar a Deus para não pecar contra Ele; e mesmo que caiamos, o perdão de Deus nos alcança não importa quão longe estejamos. Deus nos aceita totalmente de volta, e mais uma vez nos sustenta quando tivermos que lidar com as dificuldades geradas por nossas próprias escolhas erradas. O que caracteriza alguém como um homem segundo o coração de Deus não é a perfeição de sua vida passada, mas a disposição em voltar para Deus no momento em que se nota o erro, e continuar lutando com Ele.

Da história de Davi tiro duas conclusões: 1) Quero ser uma pessoa segundo o coração de Deus, e sei que para isso não preciso nada além da disposição de voltar para Ele assim que notar ou for advertida de meu erro; 2) Quem sou eu para julgar o coração de meu irmão com base em informações que tenho sobre sua vida passada?

Pense nisso.

Estudo Bíblico 12 - Santuário 5: O Sábado

No último estudo (Estudo 11) vimos que Deus revelou Seu caráter instituindo uma lei moral. Dentre os 10 mandamentos, o foco do presente estudo é um mandamento que foi esquecido pela maioria dos cristãos: o quarto mandamento (Êxodo 20:8-11). Neste, Deus ordena que Seu povo se lembre do sábado, o sétimo dia, e o santifique como memorial da criação.

O sábado foi estabelecido por Deus na criação (Gênesis 2:1-3), antes da entrada do pecado na Terra. Ele o instituiu para benefício do homem, para seu descanso e encontro com seu Criador. O próprio Deus guardou o sábado com Adão e Eva logo após os haver criado. Nesta ocasião eles eram os únicos habitantes da Terra, ou seja, o sábado foi estabelecido muito tempo antes da existência da nação judaica. Mesmo após a saída do Egito, porém antes do estabelecimento dos 10 mandamentos nas tábuas de pedra, a guarda do sábado já havia sido lembrada por Deus por ocasião do derramamento do maná (Êxodo 16:23,27-30).

O mandamento em Êxodo 20:8-11 inicia com “lembra-te”, porque apesar do sábado haver sido instituído muito tempo antes, durante o tempo vivendo no Egito o povo se esqueceu dele. Uma ilustração de como isso acontece é a sociedade brasileira hoje. Grande parte dos brasileiros é descendente de imigrantes europeus relativamente recentes, vindos ao país por ocasião das guerras. Após uma ou duas gerações aqui, a imensa maioria não sabe falar o idioma de seus ancestrais, não sabe quase nada sobre o sistema político ou a história do país natal de seus avós ou bisavós. Eles simplesmente se tornaram brasileiros, falando a língua local, vivendo segundo a cultura e mesmo a religião dominante no País. O povo de Israel viveu mais de 400 anos no Egito. Durante este período praticamente todos se esqueceram da cultura e religião de seus ancestrais. Por isso Deus necessitava lembrar o povo do sábado estabelecido na criação.

O quarto mandamento é o único que o homem não poderia criar. É ele que identifica o Autor da Lei, declarando que o Criador do Universo deve ser adorado. Para revelar o autor da lei e a quem ela se aplica, três características são necessárias: o nome, o cargo e o domínio do legislador. Analisemos o quarto mandamento: "Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus [autor]. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem em tuas cidades. Pois em seis dias o Senhor fez [cargo – Criador] os céus e a terra, o mar e tudo o que neles existe [território de domínio], mas no sétimo dia descansou. Portanto, o Senhor abençoou o sétimo dia e o santificou.”

Deus ainda ordenou através de diversos outros profetas do Antigo Testamento que o sábado fosse observado: Isaías, que viveu cerca de 700 a.C. (Isaías 58:13-14, 56:2,4-7), Jeremias, que viveu cerca de 600 a.C. (Jeremias 17:24,27), Ezequiel, que viveu cerca de 600 a.C. (Ezequiel 20:12,20), Esdras e Neemias, que viveram cerca de 420 a.C. (Neemias 13:15,19). Em todo o Antigo Testamento o sábado é ordenado como dia de guarda.

No Novo Testamento o sábado continua sendo o dia de guarda. Jesus observou o sábado, como era costume judeu (Lucas 4:16,31). Seus seguidores também o fizeram (Lucas 23:53-56, Atos 13:14,27).

Na Nova Terra os salvos também guardarão o sábado (Isaías 66:22-23).

A Lei é um todo pois representa o caráter de Deus. Portanto não podemos observar um mandamento e rejeitar os demais, pois a quebra de um mandamento transgride todos (Tiago 2:10-12). É bom lembrar que a guarda do sábado não é um meio de se alcançar a salvação, que é obtida unicamente pela graça de Jesus (Estudo 06). A obediência a Deus é resultado da salvação. Como alguém pode dizer que foi salvo por Jesus e viver em desacordo com Sua vontade (I João 2:4)? A guarda do sábado é uma demonstração de amor a Deus e fruto da experiência pessoal com Ele. Não é simplesmente deixar de trabalhar, mas é uma declaração de quem é o Deus a quem servimos (Ezequiel 20:12,20).

O sábado foi uma aliança perpétua instituída por Deus (Êxodo 31:15-16). Ele é o mantenedor de quem segue Sua Lei, e tem uma benção especial para aqueles que escolherem obedecer os seus mandamentos (Deuteronômio 11:26-28). O sábado é o dia separado para buscarmos a Sua presença e deixar de cuidar de nossos próprios interesses, e Deus tem uma promessa especial para os que assim o fazem (Isaías 58:13-14).